quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Essa é a minha história - auto sabotagem


Durante grande parte da minha vida adulta, eu me envolvi com pessoas que não gostava. Ainda que um tanto quanto contraditório, namorar tais pessoas sempre me deu a sensação de segurança, uma vez que, quando as relações terminavam, eu não me sentia abandonada. Estou certa de que este hábito auto-destrutivo tem muito a ver com os repetitivos molestamentos que sofri na infância, por um membro da minha família, ou talvez os estupros na adolescência. Independente dos motivos, assim foi a minha vida por muito tempo: uma repetição de atos auto-destrutivos, que me mantinham num estado constante de dormência sentimental.

Cerca de um ano e meio atrás eu conheci um homem através de um anúncio online e começamos a desenvolver uma relaçao platônica. Ambos havíamos saído recentemente de relacionamentos longos, e ambos havíamos experimentado a dor da traição. Nos tornamos melhores amigos instantaneamente e, porque passamos a nos falar diariamente, quase o dia todo, deixando, inclusive, nossos trabalhos de lado, começamos a nos conhecer muito bem.


Lembro-me de fazer minha cama todos os dias (algo que raramente fazia), suavizando cada vinco dos lençóis com uma perfeição à la Martha Stewart. Com ele na minha vida, tudo era bonito, e até mesmo objetos inanimados pareciam conter vida e beleza. Eu andava cada dia sentindo o calor do sol, mesmo quando ele estava longe de ser encontrado. Tudo: as paredes, a grama, as árvores, as folhas, absolutamente tudo tinha vida. O mais importante, depois de anos de não sentir nada, eu senti vida.




Conforme o tempo passou, nós nos apaixonamos, no mais puro sentido. Uma noite ele chegou lopo após eu ter colocado meus filhos para dormir e, pela primeira vez na minha vida, eu senti o que é se entregar completamente a alguém. Pela primeira vez na minha vida, eu soube o que era fazer amor. Ainda que tivesse um vocabulário impressionante ou se fosse uma grande romancista, não acredito que teria a capacidade de expressar em palavras a experiência magnífica que tive. Não foi apenas uma renovação da minha fé nas pessoas. Foi conhecer a mim mesma e poder dividir com alguém essa pessoa que permaneceu escondida por tanto tempo. Apesar de eu ter quatro filhos, eu digo com um grau de certeza, esta foi a primeira vez que havia experimentado o amor..

Meses depois, ele foi embora. Foi repentino. Foi inesperado. Toda a minha vida desmoronou. Lembro-me de deitar no chão, meu rosto contra as placas frias do piso de madeira, pedindo a Deus para fazer a dor parar. Não importava o que eu fizesse, não importa o que eu dissesse, ele nunca mais voltou.

Algumas semanas depois eu o vi com outra mulher e me perguntei se o amor que eu sentia era apenas uma via de mão única. Embora ele nunca tivesse voltado para mim, eu prometi a mim mesma quebrar velhos hábitos e não me envolver mais com pessoas que eu não gostasse. Prometi a mim mesma não permitir mais nenhum outro homem dentro de mim antes de estar preparada a deixá-lo ir, a me desapegar.. No entanto, quebrei inúmeras vezes essa promessa de lá pra cá.


Suponho que todos passamos por momentos de solidão e gostamos de nos sentir amados e queridos. A diferença é que agora sei o que eu sou capaz de fazer. Eu ainda penso nele frequentemente. Lembro-me de como era amar alguém tão completamente. Lembro-me de como eu me sentia e, apesar do final infeliz que essa relação teve para mim, eu ainda acredito no amor.


Por: Rayn 

Um comentário:

  1. Não importa a nacionalidade, né. Mulher é mulher, em qualquer lugar, e sofre igual.

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